Mercado Livre nas farmácias vai mudar o jogo do varejo

A entrada do Mercado Livre no setor de farmácias promete mexer pouco no faturamento da gigante, mas pode redesenhar margens e eliminar independentes. Entenda o impacto e o que o movimento revela sobre o futuro do varejo.

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Abaccus
17.09.2025

Mercado Livre acaba de dar seu primeiro passo oficial no varejo farmacêutico. A companhia adquiriu uma drogaria na zona sul de São Paulo, movimento feito em parceria com a Memed, plataforma que conecta mais de 260 mil médicos e processa cerca de 5 milhões de prescrições mensais. A farmácia adquirida era controlada justamente pela healthtech, o que adiciona uma camada digital estratégica à jogada do MELI.

O impacto foi imediato. Assim que os primeiros rumores sobre a operação começaram a circular, as ações das grandes redes sentiram o baque: Raia Drogasil caiu mais de 5% em poucos pregões, enquanto a Panvel recuou mais de 3% e a Pague Menos perdeu cerca de 1% na bolsa.

Mas o que realmente está em jogo vai além do mercado financeiro. Quando o Mercado Livre decide entrar em um setor, o jogo muda. E agora, o alvo é o varejo farmacêutico no Brasil. À primeira vista, parece um movimento de peso. Mas os números revelam uma realidade menos óbvia: para o MELI, o impacto em receita será limitado, enquanto para farmácias independentes pode ser um golpe quase fatal.

O Itaú BBA fez as contas: O mercado de medicamentos no Brasil gira em torno de US$ 27 bilhões, enquanto o GMV do Mercado Livre já superou US$ 24 bilhões em 2024 e deve chegar a US$ 33 bilhões em 2025. Ou seja, mesmo que conquiste uma fatia relevante, a categoria ainda será pequena dentro do universo da plataforma. O real valor da aposta está em outra frente: a recorrência. Medicamentos, especialmente os de uso contínuo, criam um hábito de compra que pode prender ainda mais o cliente dentro do ecossistema MELI.

O tamanho da aposta em números

Para entender a real dimensão da entrada do Mercado Livre no setor farmacêutico, é preciso comparar grandezas. Em 2025, o GMV do MELI no Brasil deve atingir US$ 33 bilhões, enquanto todo o mercado de medicamentos no varejo soma US$ 27 bilhões.

Dentro desse universo, vale destacar:

  • OTC (sem prescrição): US$ 8,5 bilhões
  • Com prescrição: US$ 18,5 bilhões

Os OTC já têm uma penetração digital elevada no Brasil, com 26% das vendas acontecendo online, acima da média global de 20% e em linha com os Estados Unidos. Nesse segmento, as margens são mais robustas, chegando a 35%, o que naturalmente o torna a porta de entrada mais atrativa para o MELI.

Segundo o Itaú BBA, se a plataforma alcançar 42% de participação em OTC até 2030, suas vendas nessa categoria poderiam chegar a US$ 2 bilhões, o que representaria algo próximo de 3% do GMV brasileiro no período.

Já nos medicamentos com prescrição, o desafio é bem maior. A penetração online não passa de 15% e a operação exige mais complexidade logística e regulatória, além de margens menores, entre 15% e 17%. Por isso, o movimento inicial deve mesmo se concentrar no OTC, onde conveniência e preço competitivo podem rapidamente conquistar espaço.

O choque de placas tectônicas no varejo

O maior impacto não será no próprio Mercado Livre, mas sim no campo de batalha das farmácias. As grandes redes, como a RD Saúde (dona da Raia e Drogasil), já possuem escala e musculatura para resistir, ainda que com margens comprimidas.

O Itaú BBA projeta:

  • Margem bruta da RD Saúde pode cair 200 pontos-base com a pressão de preços do MELI.
  • Nos medicamentos OTC, a queda pode ser de 10% nos preços médios.
  • Nos medicamentos com prescrição, a redução estimada é de 5%.

Enquanto isso, para as farmácias independentes, o cenário é devastador. Operando com margens EBITDA de um dígito, muitas não sobreviverão a um mercado em que gigantes jogam pesado em preço e logística.

O que isso significa para o futuro do consumidor?

Para o cliente, a equação é simples: Mais conveniência, preços menores e possibilidade de comprar remédios junto com a próxima compra do mês. Isso consolida a ideia de um marketplace como “shopping de bolso” do brasileiro.

E o MELI pode replicar a lógica da Amazon: Usar OTC para ganhar tração, fidelizar usuários e, aos poucos, testar o terreno para medicamentos de uso contínuo com receita. Não é apenas sobre vender remédio, mas sobre aumentar o tempo de vida do cliente dentro do ecossistema.

Quando dois gigantes se enfrentam, os menores pagam a conta

O movimento do Mercado Livre nas farmácias mostra que o futuro do varejo será ditado por plataformas capazes de capturar recorrência e integrar diferentes categorias em uma única jornada digital. Para as grandes redes, o desafio será manter margens competitivas. Para as independentes, a sobrevivência pode estar em jogo.

Nesse cenário, surge um paralelo inevitável: Assim como o MELI usa tecnologia para competir em escala, as empresas também precisam de ferramentas que garantam eficiência e resposta rápida. É aí que entra o BRMS (Business Rules Management System).

Com um BRMS moderno, as organizações podem se diferenciar em três pilares essenciais:

No fim, competir contra gigantes não é só uma questão de caixa ou escala. É sobre usar inteligência para decidir melhor, mais rápido e com mais controle. Essa é exatamente a vantagem competitiva que o BRMS da Abaccus oferece: Transformar a governança em eficiência, o low-code em velocidade e o preço em alavanca estratégica.

Perguntas Frequentes

1. Qual o impacto do Mercado Livre nas farmácias?

2. Por que focar em medicamentos sem prescrição?

3. Como o BRMS ajuda na precificação?

4. Qual o papel do low-code no BRMS?

5. Como o BRMS garante governança?