Markup e margem de contribuição não são a mesma coisa. Entender essa diferença pode mudar sua estratégia de preços e a forma como sua empresa enxerga o lucro.
FinançasNo universo dos negócios, a precificação é uma das tarefas mais estratégicas e, ao mesmo tempo, mais delicadas. Mais do que um cálculo, ela pode definir o destino de um produto ou de uma empresa inteira. Um estudo da Accenture, intitulado “The Pricing Revolution" mostra que os líderes já entenderam a relevância desse tema, mas ainda enfrentam enormes desafios em sua execução.
Veja alguns dados do relatório:
Esses números deixam claro: não basta priorizar precificação, é preciso ter processos, tecnologia e talentos capazes de transformar preços em vantagem competitiva.
É nesse contexto que surgem dois conceitos fundamentais que todo gestor deveria dominar: markup e margem de contribuição. Embora frequentemente confundidos, eles não são sinônimos. E, quando usados de forma equivocada, podem distorcer a percepção de lucratividade de uma empresa inteira.
O markup é o índice aplicado sobre o custo de um produto ou serviço para se chegar ao preço de venda. É a forma mais simples e direta de transformar custos em preços, já que basta adicionar um percentual fixo sobre o valor gasto na aquisição ou produção.
Imagine que um produto custe R$ 100 e a empresa aplique um markup de 50%. O preço de venda será R$ 150. Simples, rápido e eficiente como método inicial de precificação.
O problema do markup é que ele ignora fatores como percepção de valor do cliente, demanda, concorrência e, principalmente, os custos variáveis além da aquisição.
A margem de contribuição é o valor que sobra da receita de vendas depois de descontados todos os custos e despesas variáveis. É o que efetivamente “contribui” para pagar os custos fixos e, a partir daí, gerar lucro líquido.
Por exemplo, se um produto é vendido por R$ 150 e seus custos variáveis somam R$ 90, a margem de contribuição é de R$ 60. Esse é o dinheiro que a empresa pode usar para bancar despesas fixas e gerar lucro.
A confusão nasce porque ambos tratam da relação entre custo e preço, mas de formas diferentes. O markup é a forma de chegar ao preço. A margem de contribuição é a forma de avaliar se esse preço funciona de verdade.
A Ambev é um ótimo exemplo de como markup e margem de contribuição se diferenciam na prática. No quarto trimestre de 2024, a companhia reportou lucro líquido de R$ 5,024 bilhões, alta de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida no trimestre foi de R$ 27 bilhões, enquanto a margem bruta subiu para 53,7% e a margem Ebitda ajustada alcançou 35,6%.
Se olharmos apenas para o markup, teríamos a lógica simples: A empresa compra insumos (malte, lúpulo, alumínio para latas, energia etc.), aplica um percentual sobre esses custos e chega ao preço de venda da cerveja. Esse cálculo garante que cada unidade seja vendida por mais do que custou.
Mas é na margem de contribuição que a Ambev realmente avalia sua sustentabilidade. Afinal, os custos variáveis vão muito além dos insumos: Há logística, impostos, embalagens retornáveis, marketing e comissões comerciais. É depois de descontar esses valores que a empresa entende quanto cada litro de cerveja contribui para cobrir os custos fixos e gerar lucro.
O resultado? Mesmo em um setor altamente competitivo, a Ambev conseguiu expandir margens, provar eficiência operacional e sustentar bilhões em lucro líquido. O markup mostra que há acréscimo sobre os custos, mas a margem de contribuição revela o impacto real da operação no caixa e no crescimento da companhia.
Empresas que confundem markup com margem de contribuição vivem em uma espécie de “ilusão de lucro”. Elas acreditam que estão protegidas porque aplicam um percentual fixo sobre o custo, mas não percebem que, em muitos casos, a margem real pode estar sendo corroída.
Dominar esses conceitos ajuda o gestor a:
No final, é a diferença entre pilotar no automático ou enxergar o painel completo da operação.
No fim, entender a diferença entre markup e margem de contribuição é só o primeiro passo. O verdadeiro diferencial competitivo está em transformar esse conhecimento em ação contínua, com processos ágeis e sustentáveis. É nesse ponto que soluções como o BRMS da Abaccus entram em cena, conectando teoria financeira à prática de gestão de preços em escala.
Com um BRMS low-code como o da Abaccus, sua empresa ganha:
No fim, não se trata apenas de saber calcular markup ou margem de contribuição, mas de criar um sistema inteligente que garanta que suas decisões de preço sempre estejam alinhadas à estratégia da empresa. Com a Abaccus, precificação deixa de ser um problema operacional e se transforma em uma vantagem competitiva.