O que é GRC (governança, risco e compliance)?

GRC é a bússola estratégica que conecta governança, risco e compliance, transformando a confiança em vantagem competitiva e sustentando o crescimento das empresas na era digital.

Compliance
11 minutos
de leitura
Abaccus
22.03.2025

A Pesquisa Global de Riscos da PwC mostrou que 58% das empresas brasileiras já buscam criar oportunidades a partir dos riscos e que 43% enxergam riscos digitais e tecnológicos como uma das principais ameaças para seus negócios. Isso revela que o risco deixou de ser apenas algo a evitar: ele se tornou parte da estratégia de crescimento e inovação.

Nesse contexto, o GRC (Governança, Risco e Compliance) assume um papel central. Mais do que um conjunto de práticas, o GRC é uma mentalidade organizacional que une governança, risco e compliance em uma engrenagem única. Ele funciona como a bússola que guia líderes na tomada de decisões estratégicas, reduz incertezas e fortalece a confiança de clientes, parceiros e investidores.

O que é GRC e por que ele importa agora mais do que nunca

GRC significa Governança, Risco e Compliance. Mais do que um conjunto de práticas, é uma filosofia de gestão integrada que conecta três áreas historicamente separadas.

Durante décadas, empresas tratavam governança como um manual de boas práticas, risco como um problema isolado de finanças e compliance como uma obrigação legal. Esse modelo fragmentado não sobreviveu ao ambiente de negócios atual, marcado por hiperconectividade, riscos digitais, regulações cada vez mais severas e clientes intolerantes a falhas éticas.

Segundo pesquisa global da Deloitte, com mais de 300 executivos de grandes empresas em todo o mundo, 81% das organizações já gerenciam riscos estratégicos de forma explícita, e a reputação aparece como o risco número um para a maioria dos setores.

Em outras palavras, GRC deixou de ser “custo” para se tornar pré-requisito de competitividade.

A evolução do GRC: De burocracia a vantagem competitiva

No passado, governança, risco e compliance caminhavam em silos. Cada área fazia relatórios, políticas e processos desconectados. Isso criava redundância, desperdício de recursos e, principalmente, pontos cegos.

Com a globalização e a digitalização, as empresas descobriram que:

  • riscos estão cada vez mais interconectados (um ataque cibernético pode virar crise jurídica e arruinar a reputação em minutos);
  • governança precisa ser mais dinâmica, com decisões rápidas e transparentes;
  • compliance deixou de ser uma “obrigação burocrática” e virou fator de confiança diante de clientes e investidores.

A partir dos anos 2000, após escândalos como Enron, WorldCom e a crise financeira de 2008, surgiu a visão de GRC como framework integrado. A ideia era simples: alinhar estratégia, controles e ética em um só modelo.

Hoje, empresas maduras usam GRC não apenas para reduzir riscos, mas para inovar com segurança.

Os pilares do GRC

  • Governança: Garante clareza em quem decide o quê, quais processos guiam a empresa e como a transparência é praticada. Uma boa governança alinha estratégia, ética e responsabilidade social.
  • Risco: Identifica ameaças financeiras, operacionais, cibernéticas e reputacionais. Gerir risco é transformar incertezas em decisões calculadas.
  • Compliance: Assegura que todas as operações estejam em conformidade com normas legais e éticas. Mais do que evitar multas, é proteger a licença social para operar.

Quando integrados, esses pilares criam resiliência organizacional.

Exemplos que provam o valor (ou o preço) do GRC

  1. Petrobras (Operação Lava Jato, 2014): Talvez o maior símbolo da falta de governança e cultura ética no Brasil. A ausência de controles internos sólidos e de compliance robusto levou a um escândalo bilionário, destruiu valor de mercado e exigiu anos de reconstrução da imagem corporativa.
  2. Americanas (Rombo contábil, 2023): A revelação de inconsistências de mais de R$ 20 bilhões nas demonstrações financeiras mostrou como falhas graves de governança e risco podem implodir até uma das maiores varejistas do país. A crise derrubou o valor das ações e colocou em xeque a confiança de investidores e fornecedores.
  3. Vale (Rompimento da barragem de Brumadinho, 2019): Um caso emblemático de risco operacional e socioambiental não devidamente controlado. A tragédia custou centenas de vidas, bilhões em indenizações e uma crise reputacional global. É um exemplo doloroso de como GRC não pode ignorar riscos ambientais e sociais.
  4. Natura (exemplo positivo): Na contramão, a Natura construiu sua reputação global baseada em governança sólida, responsabilidade socioambiental e transparência. Essa postura fez da empresa um ícone de ESG e referência de boa prática de GRC no Brasil.

Esses exemplos reforçam: No Brasil, o preço da ausência de GRC é devastador, enquanto empresas que tratam governança, risco e compliance como prioridade conquistam valor duradouro.

Benefícios de um GRC estruturado

Empresas que implementam GRC de forma madura colhem resultados tangíveis:

  • Decisões orientadas por dados: Frameworks robustos permitem monitorar riscos em tempo real e agir rapidamente.
  • Cultura ética e transparente: Fortalece a confiança interna e externa.
  • Segurança cibernética aprimorada: Protege dados de clientes e reduz vulnerabilidades.
  • Eficiência operacional: Elimina silos, reduz custos e melhora auditorias.
  • Acesso a investimentos: Fundos e parceiros exigem compliance sólido antes de aportar capital.

Frameworks e maturidade de GRC

Um framework de GRC funciona como um mapa: define papéis, responsabilidades e processos que conectam estratégia e execução.

As organizações geralmente passam por estágios de maturidade:

  1. Inicial (caótico): Processos fragmentados, foco apenas em apagar incêndios.
  2. Reativo: Políticas começam a surgir, mas ainda sem integração entre áreas.
  3. Proativo: Riscos são monitorados, compliance é sistematizado e governança começa a ser estruturada.
  4. Integrado: Governança, risco e compliance funcionam como uma engrenagem única, apoiada em tecnologia.
  5. Transformacional: O GRC se torna vantagem competitiva, integrando inovação, ESG e cultura.

Desafios de implementação do GRC

Apesar dos benefícios, muitas empresas tropeçam em armadilhas comuns:

  • Resistência cultural: Colaboradores veem o GRC como burocracia, não como aliado.
  • Falta de integração: Áreas continuam em silos, gerando relatórios redundantes.
  • Gerenciamento de dados: Excesso de informações desconectadas prejudica a visão de riscos.
  • Comunicação falha: Políticas pouco claras ou mal difundidas enfraquecem a adesão.
  • Ausência de tecnologia: Sem ferramentas digitais, o GRC vira papel e planilha, inviável em escala.

GRC como motor da inovação

Ainda existe um mito no mercado de que GRC trava a inovação. Líderes repetem: “quanto mais regras, menos criatividade”. Mas essa visão é míope. Sem GRC, inovação vira improviso; com GRC, inovação ganha sustentação. É como construir um arranha-céu: Ninguém chamaria a base de concreto de “trava”, ela é justamente o que permite que o prédio suba cada vez mais alto.

Vamos a três simulações que ilustram esse ponto:

1. O caso da fintech apressada

Uma startup decide lançar sua carteira digital em tempo recorde. Ignora controles de risco e entende compliance apenas como burocracia. Em seis meses, conquista milhares de usuários. Mas então ocorre um vazamento de dados que expõe informações financeiras. Clientes abandonam o app, órgãos reguladores multam a empresa e investidores recuam. A inovação que parecia promissora se mostrou frágil por falta de governança.

2. A healthtech que construiu confiança

Outra startup, desta vez no setor de saúde, poderia ter seguido o mesmo caminho. Mas preferiu estruturar seu framework de GRC antes de lançar o produto. Criou políticas de proteção de dados em linha com a LGPD, implementou protocolos de auditoria clínica e alinhou o modelo de negócio às exigências da ANS. Demorou mais para chegar ao mercado? Sim. Mas quando chegou, conseguiu firmar contratos com grandes hospitais e clínicas, justamente porque transmitia confiança.

3. A SaaS que quis escalar sem base

Uma empresa de software em nuvem decide escalar agressivamente na América Latina. O produto tem boa aceitação, mas não havia critérios de governança para contratos, nem clareza de compliance tributário. Em pouco tempo, surgem litígios em diferentes países. A empresa precisa recuar e gastar milhões em ajustes legais. Competidores com frameworks de GRC maduros aproveitam a brecha e conquistam os clientes insatisfeitos.

Essas simulações deixam claro o paradoxo: Não é o GRC que trava a inovação, é a ausência dele que gera improviso e vulnerabilidade. Empresas que integram governança, risco e compliance ao seu DNA não têm medo de ousar, porque sabem que suas ideias não vão desmoronar diante da primeira crise de reputação, de segurança ou de regulação.

O papel da tecnologia: GRC em escala

Hoje, nenhuma empresa consegue sustentar um programa de GRC apenas com planilhas e processos manuais. O mundo gira rápido demais: leis mudam, riscos surgem em segundos e uma falha de compliance pode custar milhões em minutos. É por isso que a tecnologia deixou de ser apoio e passou a ser a espinha dorsal do GRC moderno.

Com ela, o GRC deixa de ser reativo e passa a ser preditivo. Isso acontece quando empresas utilizam:

  • Softwares de GRC para consolidar riscos e centralizar compliance;
  • Plataformas de auditoria digital para acompanhar conformidade em tempo real;
  • SIEMs (Security Information and Event Management) para monitorar e responder a ameaças de segurança.

O resultado é simples: enquanto o GRC manual corre atrás do prejuízo, o GRC tecnológico antecipa riscos, evita crises e fortalece a confiança da organização diante de clientes, reguladores e investidores.

Onde entra o BRMS nessa história

É aqui que entra o BRMS (Business Rules Management System). Se o GRC é a filosofia, o BRMS é o motor que coloca essa filosofia em prática.

Um BRMS permite traduzir regras de governança, risco e compliance em regras de negócio automatizadas, aplicadas em cada operação, decisão ou processo.

Exemplo prático:

  • No setor financeiro, regras da LGPD podem ser aplicadas automaticamente em todos os fluxos de dados de clientes.
  • Em seguros, políticas regulatórias são verificadas em tempo real antes da aprovação de contratos.
  • Na saúde, normas de privacidade e auditoria são integradas aos processos digitais.

O resultado é simples: Menos falhas humanas, mais conformidade, mais velocidade e muito mais confiança.

No fim, empresas que entendem GRC como investimento estratégico e usam BRMS como catalisador transformam risco em vantagem competitiva. As que não entendem… correm o risco de virar estatística na próxima manchete de crise corporativa.

Perguntas Frequentes

1. O que significa GRC na prática do dia a dia corporativo?

2. Qual a diferença entre GRC e compliance isolado?

3. Como a tecnologia transforma o GRC?

4. Qual a relação entre BRMS e GRC?

5. Como um BRMS ajuda a reduzir riscos dentro da estratégia de GRC?