Quando a maioria dos membros do conselho não confia no valor da cibersegurança, o problema deixa de ser técnico e passa a ser estratégico, expondo uma crise silenciosa na capacidade das empresas de conectar risco, tecnologia e crescimento.
ComplianceUm recente pesquisa da Gartner revela um dado que expõe uma fricção crescente entre tecnologia e governança: 90% dos membros do conselho não têm plena confiança no valor gerado pelos investimentos em cibersegurança. Embora as empresas estejam gastando mais para se proteger, a sensação de segurança não acompanha o aumento dos budgets. Essa desconfiança não brota do desconhecimento, mas da incapacidade das organizações de traduzir complexidade técnica em clareza estratégica.
Os membros do conselho não querem relatórios mais longos, querem explicações que façam sentido para o negócio. Querem entender como risco digital se converte em impacto financeiro. Buscam respostas para dúvidas reais como: Os investimentos atuais nos deixam realmente menos expostos? Estamos protegidos nos cenários que ameaçam a continuidade da receita? Qual ameaça pode se transformar em prejuízo reputacional irreversível?
No fundo, o mercado não vive uma crise de segurança, mas uma crise de narrativas. A segurança está crescendo, mas a confiança não. E essa combinação é perigosa porque afeta diretamente decisões de investimento, estratégias de IA e até a velocidade de inovação da empresa.
O estudo aponta que apenas 10% dos membros do conselho acreditam ter o equilíbrio ideal entre custo e proteção. Isso significa que o problema não está nos investimentos, mas na forma como eles são compreendidos. A linguagem técnica cria uma barreira. Relatórios com dezenas de métricas e siglas não respondem ao que o conselho quer saber: qual é o risco real e qual é o impacto direto no valor para os acionistas.
Elementos que sustentam essa falta de clareza:
Nesse contexto surgem os CIOs e CISOs sense-makers, líderes capazes de reinterpretar a complexidade e apresentá-la de forma acionável. Eles não tratam segurança como um problema de ferramenta, mas como um problema de decisão. Mostram como ameaças se transformam ou não em perdas reais, permitindo que o conselho participe de forma estratégica e madura da conversa sobre risco.
A desconfiança não acontece isoladamente. Ela cresce em meio a um ambiente global volátil em que múltiplos riscos disputam atenção simultânea. Segundo a pesquisa da Gartner, 70% dos membros do conselho apontam a instabilidade geopolítica como a maior ameaça ao valor para os acionistas nos próximos 12 meses. E dentro desse contexto, os riscos cibernéticos ganham ainda mais relevância, não por serem isolados, mas por ampliarem as vulnerabilidades das empresas em tempos de incerteza.
Outros pontos destacados no estudo reforçam o peso dessa percepção:
Essa combinação transforma cibersegurança em debate central, não mais como um “custo necessário”, mas como bloco fundamental da governança moderna.
O ponto mais interessante do estudo é que, apesar de enxergarem a tecnologia como risco, os membros do conselho enxergam também a tecnologia como solução. 63% afirmam que investimentos em tecnologia e inovação são o melhor caminho para enfrentar a volatilidade atual, e 57% já acreditam que a inteligência artificial será o principal vetor de geração de valor no curto prazo.
Essa visão dual revela um comportamento estratégico emergente. Os membros do conselho não querem tecnologia pela tecnologia. Querem tecnologias que traduzam risco em vantagem competitiva. A IA aparece nesse cenário como aceleradora, não só da eficiência, mas da capacidade de responder mais rápido a ameaças que mudam diariamente.
Entre os insights que sustentam essa leitura:
Fica evidente que a confiança só cresce quando tecnologia, risco e estratégia caminham juntos.
O estudo da Gartner deixa claro que a próxima grande competência dos líderes de tecnologia não será apenas técnica, mas interpretativa. O CIO e o CISO sense-makers se tornam essenciais não porque resolvem vulnerabilidades, mas porque tornam vulnerabilidades compreensíveis. Eles reduzem ruído e criam clareza. Oferecem contexto. Estabelecem relações diretas entre indicadores técnicos e implicações financeiras.
Essa capacidade define a qualidade das decisões. Sem ela, o conselho aprova investimentos sem convicção ou os rejeita por receio. Com ela, o conselho se torna parte do processo estratégico e acelera a capacidade da empresa de se adaptar.
O mercado está criando um novo tipo de líder digital. Alguém que entende que dashboards não explicam nada se não dialogarem com impacto em receita, continuidade e acionista. Tecnologia não precisa ser simplificada, precisa ser traduzida.
O dado de que 90% dos membros do conselho não confiam plenamente no valor da segurança digital não deve ser tratado como problema técnico, mas como problema de comunicação estratégica. A vantagem competitiva da próxima década nasce exatamente da capacidade de transformar tecnologia em clareza. Empresas que aprenderem a articular risco digital com impacto financeiro tomarão decisões mais rápidas, mais maduras e mais alinhadas ao futuro da inovação.
É nesse contexto que soluções como a Abaccus, com sua plataforma BRMS, ganham relevância. Ao permitir que regras, políticas e decisões críticas sejam automatizadas, centralizadas e analisadas em tempo real, a Abaccus amplia a transparência operacional e reduz ambiguidades. Em um mundo onde o conselho exige clareza e previsibilidade, a capacidade de operacionalizar decisões com lógica, rastreabilidade e governança se torna diferencial estratégico. Para reforçar ainda mais esse alinhamento com compliance e segurança corporativa, a plataforma fortalece práticas que garantem consistência e controle em ambientes críticos, como:
Esse conjunto permite que políticas sensíveis sejam mantidas atualizadas, auditáveis e imunes a ambiguidades, garantindo que a organização avance na mesma velocidade da transformação digital sem abrir mão de segurança, conformidade e coerência.