Eletrobras agora se chama Axia Energia

Quando uma gigante muda de nome, é mais que marketing. É um sinal de transformação profunda. O que a Eletrobras quer dizer ao se tornar Axia Energia?

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Abaccus
23.10.2025

Há marcas que trocam de nome para parecerem modernas. Outras o fazem porque precisam provar que sobreviveram a uma transformação real. É o caso da Eletrobras, que agora se chama Axia Energia. O novo nome tem apelo global, soa sofisticado e até parece traduzir modernidade. Mas será que é isso que o Brasil realmente precisa? Por trás do brilho das letras e do marketing internacional, o desafio é outro: Reconstruir eficiência, propósito e confiança em um setor que ainda carrega o peso da burocracia e da lentidão. O rebranding pode até ser global, mas a transformação precisa ser real.

A palavra “Axia” vem do grego e significa “valor”, mas também remete a “eixo”, algo que conecta, sustenta e gera movimento. Essa dupla interpretação não é por acaso: Depois da privatização em 2022, a empresa passou por uma reestruturação profunda e quer comunicar que está no centro da transformação energética brasileira. O novo nome não é apenas um rebranding; é uma tentativa de reposicionar uma organização que, por décadas, foi símbolo de estabilidade estatal e agora quer ser símbolo de agilidade privada.

Um nome novo para um setor que não é mais o mesmo

A mudança de nome acontece num momento em que o setor de energia vive uma das maiores revoluções da história. Fontes renováveis crescem, as regulações mudam e o consumo de energia se torna digital, distribuído e inteligente. A antiga Eletrobras sabe que não dá mais para ser apenas uma geradora de energia — é preciso ser uma orquestradora de sistemas complexos, capaz de conectar hidrelétricas, eólicas, solares e novos modelos de negócio.

Hoje, a Axia Energia soma 44,4 GW de capacidade instalada, o equivalente a mais de um quinto da geração total do Brasil. São 82 parques geradores em 20 estados e no Distrito Federal, sendo 47 usinas hidrelétricas, 33 eólicas e uma solar. É uma presença impressionante, mas que agora precisa de outro tipo de gestão: uma gestão que combine eficiência operacional, velocidade de decisão e domínio tecnológico.

De estatal gigante a empresa enxuta

Desde a privatização, a Axia Energia vem cortando custos, reduzindo quadros e vendendo ativos que não fazem mais parte do seu núcleo de negócio. O objetivo é ser mais leve, mais digital e mais lucrativa. O processo foi conduzido por Ivan Monteiro, ex-presidente da Petrobras, que assumiu em 2023 com a missão de transformar uma companhia vista como burocrática em uma máquina de resultados.

E os números mostram que o movimento está funcionando: Em 2024, o lucro chegou a R$ 10,4 bilhões, quase o triplo de dois anos antes. A diferença não está apenas no balanço contábil, mas na mentalidade.

A empresa passou de uma cultura de controle estatal para uma cultura de performance. Isso significa foco em retorno, velocidade de decisão e meritocracia. Mas também significa risco, porque o governo ainda detém 45% das ações e tenta influenciar o conselho, o que gera desconforto entre investidores privados.

O que está em jogo vai além do nome

Mudar o nome foi o passo mais visível. O mais difícil é mudar o sistema operacional invisível: Os processos, as regras de negócio e os fluxos de decisão. É aqui que a transformação da Axia Energia revela o verdadeiro desafio de uma privatização. A empresa precisa:

  • Integrar dezenas de sistemas legados herdados da era pública;
  • Automatizar a governança para garantir compliance regulatório e eficiência;
  • Reduzir o tempo de resposta a mudanças no mercado de energia;
  • Reprogramar a mentalidade de milhares de colaboradores para operar como uma empresa privada.

Esses desafios não se resolvem com um novo logotipo. Eles exigem tecnologia, dados e automação inteligente, especialmente em um setor onde as margens estão mais apertadas e as decisões são cada vez mais reguladas.

Privatização é só o começo da história

A privatização da Eletrobras, em 2022, foi apenas o ponto de partida de uma transformação que ainda está em andamento. Três anos depois, o anúncio da nova marca, Axia Energia, simboliza o esforço de uma companhia que busca se reinventar após décadas como estatal. A mudança de nome, embora carregada de simbolismo, também reflete a tentativa de reposicionar a empresa diante de um setor cada vez mais competitivo, tecnológico e voltado à transição energética.

Durante a campanha de 2022 e já na presidência, Luiz Inácio Lula da Silva classificou a venda da estatal como um “escárnio” e um “retrocesso”, argumentando que o país havia aberto mão de uma área estratégica. A crítica reforça o embate entre duas visões de desenvolvimento: Uma que defende o papel do Estado como guardião de setores essenciais, e outra que enxerga na iniciativa privada a capacidade de gerar eficiência e inovação. A direção da Axia, por sua vez, afirma que a nova marca consolida um ciclo iniciado em 2022 e que representa uma empresa sólida, confiável e preparada para responder aos desafios tecnológicos e regulatórios do setor”.

Entre as críticas políticas e o pragmatismo do mercado, o fato é que a energia continua no centro da transformação econômica do país. A digitalização, a busca por fontes limpas e a necessidade de eficiência colocam todas as empresas, públicas ou privadas, diante do mesmo desafio: Evoluir. E, nesse novo cenário, não é o nome que define o sucesso, mas a capacidade de adaptar-se rapidamente a um mundo em transição.

O que empresas podem aprender com a Axia Energia

Empresas que passaram ou passarão por processos de transformação, seja privatização, fusão, aquisição ou digitalização, podem aprender três lições essenciais desse caso:

  • O nome não muda a cultura: Rebranding é só o início. O desafio é mudar comportamentos, não apenas a fachada.
  • Privatização não é sinônimo de eficiência: Só há transformação verdadeira quando há digitalização e automação dos processos internos.
  • Velocidade é o novo poder: Em setores regulados e de capital intensivo, quem decide mais rápido, com mais precisão e menos ruído, vence.

A Axia Energia nasce com uma marca moderna, uma história grandiosa e um desafio colossal: Provar que pode ser tão ágil quanto qualquer empresa privada do setor. No fim das contas, o valor que “Axia” carrega não está no nome, está na capacidade de executar.

E aqui entra o papel da tecnologia e da Abaccus, que ajuda organizações a transformar processos complexos em decisões automáticas e seguras. No setor de energia, onde contratos, regulações e riscos convivem em camadas, um BRMS bem implementado é a ponte entre o discurso e a prática.

Porque marcas mudam, mas a eficiência precisa ser medida, registrada e automatizada.

Perguntas Frequentes

1. Por que a Eletrobras mudou de nome para Axia Energia?

2. Como o governo reagiu à mudança?

3. O que muda para o mercado e para os consumidores com o novo nome?

4. O que empresas do setor podem aprender com o caso Axia Energia?

5. Como a Abaccus pode apoiar empresas em processos de transformação semelhantes?